terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sobre os comentários de Gentili - Nem tão inteligente assim

Quero tecer um rápido comentário sobre um post do apresentador de TV Danilo Gentili a respeito de uma polêmica gerada a partir de um Twit que dizia o seguinte:

""King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?"

 
Logo em seguida uma Ong, Afrobras, se posicionou repudiando o comentário do apresentador cogitando acioná-lo judicialmente. Mais que depressa, Gentili postou um enorme comentário em seu blog argumentando sobre o corrido com base no pensamento de que as "raças" nao existem, e que somos todos da raça humana, e também afirmando que se é possível chamar gordos de baleia, altos de girafa, também é legítimo chamar negros de macacos.

Realmente a reação da Ong foi um tanto exagerada para o caso. Uma vez que em uma leitura mais detida percebe-se uma ligação maior com jogador-fama do que com macaco-pessoa negra. No entando os argumentos de Gentili, apesar de muito bem elencados, estão cheios de falhas e mostram um conhecimento muito raso, de senso comum, sobre a questão - muito embora ele tente, inclusive, usar fontes históricas.

O fato é que, diferenciar os seres humanos por raça não é, por si só, algo ruim ou pejorativo. As raças são realmente um emprestimo da zoologia, dado o advento do positivismo, cujo discurso foi apropriado pelas humanidades. A raça, então, tende a designar fatores biofisionômicos que formam grupos de pessoas com características particulares e ao mesmo tempo compartilhadas, como os olhinhos japoneses, o nariz árabe, e a cor preta. No entanto, há uma construção no decorrer da evolução das sociedades em que uma se vê superior a outra, nao necessariamente por esses traços, mas também, e predominantemente, por fatores de ordem "civilizatória". Os negros não foram escravizados apenas por serem negros, mas principalmente por serem, aos olhos eurpoeus, primitivos. Além dos discursos religiosos que os diziam sem alma - por terem a cor do luto - ou por tê-los como uma raça amaldiçoada por Deus, sendo esses descendentes de Cam.

Segundo Gentili: "Falando em burro, cresci ouvindo que eu sou uma girafa. E também cresci chamando um dos meus melhores amigos de elefante. Já ouvi muita gente chamar loira caucasiana de burra, gay de v***** e ruivo de salsicha, que nada mais é do que ser chamado de restos de porco e boi misturados. Mas se alguém chama um preto de macaco é crucificado."


Ora, o fato de pessoas serem agredidas o tempo todo (gays, gordos, mulheres, altos demais ou magros demais e os ruivos) e não haver uma reação contrária a isso (embora eu duvide) e tudo cair na piada, isso nao justica querer que os negros tenham a mesma percepção desse tipo de situação. A punição por chamar um "preto de macaco" deveria ser a mesma para os outros casos. Agressão nao justifica agressão. Se um amigo seu, preto, te permite chama-lo assim, ótimo! é como a cidade que a gente mora, nao gosta, quer se mudar, mas se alguem fala mal... ÊPA!! 

Resumindo, a Ong nao precisa ir tao longe por conta do comentário do apresentador. No entando, da parte de Gentili, a emenda saiu pior que o soneto! respeito seu ponto de vista, e nao espero que ele leia sobre o assunto! no mais. Negros são negros (pretos e pardos) brancos sao brancos. Somos humanos, mas patilhamos mais com uns que com outros de características físicas (raça) e culturais (etnica). A graça está em nos respeitarmos assim e nao querer pormenorizar uma questao que é bastante complexa.



Li o texto do qual falo no seguinte endereço: http://pablodiego.posterous.com/eis-o-perigo-de-mexer-com-pessoas-inteligente