segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Educação em preto-e-branco

     Negrinha, tiziu, carvão, cabelo de bombril, picolé de asfalto... inúmeros são os nomes pelos quais os alunos negros são conhecidos nas escolas. Na moda do bullying, nossa tendência é classificar essa atitude como tal, mas isso antes de qualquer coisa é racismo, e racismo é crime!

     Bullying, por definição, é uma agressão física ou psicológica, repetidamente exercida por um indivíduo ou um grupo. É algo que interfere no desenvolvimento cognitivo e social da criança e pode deixar marcas eternas , refletindo nas suas relações pessoais, profissionais, familiares. O bullying não está restrito a um determinado fator, os perfis de alunos vitmas dessa agressão são variadíssimos. O caso é que Bullying é um termo novo para um problema velho, e que existem variações perfeitamente explicáveis e onde cabem outros termos, como no caso do bulying etnico, podemos cassificar como racismo.


   Nós, que trabalhamos com educação etnicorracial, estamos acostumados a observar situações de violência para com alunos de cor preta, violencia que visa especialmente a depreciação da cor de sua pele, da textura do seu cabelo dos seus traços físicos. É possível entendermos essa violência, dados outros parâmetros de identificação, como bullying sim, mas antes disso é uma situação de discriminação racial. A escola definitivamente ainda nao está preparada para a educação das diferenças etnicas. Não se pode querer mudar o olhar do aluno, se o olhar do professor ainda é o de uma raça dominante, colonizadora, diante de uma raça inferior, feia, folclórica, primitiva, fadada à marginalização. E se você é professor, observe os seus discursos. se você diz que todos somos iguais, mas quando chega em uma universidade para ser apresentada ao reitor se pega dizendo: - Nossa, ele é negro! tenha a certeza de que sua postura tornará ineficaz as palavras que você profere.

   Diante dos atos de racismo, a escola (professores, gestores e outros) costumam dizer: - Esquece isso, deixa pra lá! ou, chamam o agressor e exige que esse peça desculpas, mas nunca colocaram um aluno negro como personagem principal da peça de teatro da escola, nem uma aluna negra como a noivinha da festa junina, nem como a princesa das brincadeiras da educação infantil. Não, a escola nao está preparada para lidar com educação etnicorracial. Mais que combater as ações de discriminação, é preciso valorizar a cultura negra no cotidiano das ações educacionais, para que as diferenças nao saltem ao olhar das pessoas. "a escola não pode tudo, mas pode muito". É preciso que a escola assuma a formação de cidadãos, e pra isso é preciso valorizar a formação do povo brasileiro para que esse possa ser um dia, um país racialmente democrático.

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