sábado, 13 de novembro de 2010

ESTEREÓTIPOS CULTURAIS E HERANÇA NEGRA

Interessante como só conseguimos conceber o outro através de estereótipos - que segundo o dicionário é o modo de estabelecermos definições sobre pessoas através de caracteres externos. Em minha última visita a Salvador, ouvindo comentários de alguns amigos que me acompanhavam, me pus a obervar o comportamento das baianas e dos turistas na relação morador local x visitante curioso.
As baianas, sempre com suas saias rodadas, turbantes e colares de contas, cores e tecidos que representam diretamente suas divindades de "cabeça", formam um "cordão" de "alegorias" à disposição dos turista - digo cordão porque ainda existem muitas outras "alegorias" em destaque. Algumas das baianas cobram para serem fotografadas, outras vendem artesanato, se apresentam como guias, vendem comidas típicas, mas quase sempre em busca de alguma "ajuda". Entendo que a economia local seja quase que totalmente dependente do dinheiro que as pessoas de todas as partes do mundo deixam por lá, entendo que cada um faz o que pode para sobreviver, so me preocupa que esse uso dos costumes locais nao faça desse "teatro" uma artificialização da cultura de matriz africana.
Fato parecido acontece nas escolas. Sempre que se representa a cultura afro-brasileira, faz-se de maneira longínqua, impessoal, como se tudo isso fosse parte de um pedaço da histórica que ficou no tempo, ou que está geograficamente muito bem demarcada e delimitada. O importante é não fantasiarmos os aspectos da cultura como se ela nao estivesse presente nas nossas ações do dia-a-dia, na culinária, na moda, na música, no nosso modo de pensar, de manipular as ervas, de rezar, contar histórias... O que ser quer, hoje, para vencermos o processo de subjulgamento das etnias representadas no Brasil, é mostrar como a nossa nação é mista, heterogênea e multicultural. Quando se fala em "consciência" pretende-se que as pessoas sejam cientes de que nosso modo de vida é herdeiro dos costumes africanos e que isso nao faz da nossa nação inferior a nenhuma outra, muito ao contrário, isso representa uma riqueza pouco vista em outras partes do globo.

Um comentário:

  1. Caro Mário,
    obrigada pela visita no meu blog. Li e reli o seu comentário e não entendi onde quis chegar, quando se referiu a questões raciais. Mas entendi o seu descontentamento, você não foi o primeiro que se mostrou desagradado. Então, optei por apagar o que escrevi, até porque acho que não me expressei bem.
    Abraços

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