quinta-feira, 11 de novembro de 2010

SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA, NÃO DIA DO NEGRO

Em minhas andaças pelo estado de Goiás, falando sobre a importância da cultura negra na formação da cultura nacional, tenho percebido um maior interesse pela temática africanista, no entanto esse interesse pouco tem gerado ações que transformem o pensamento social. Chamo de ações qualquer atitude efetiva de ruptura com os estereótipos veiculados desde sempre sobre a raça negra.

As políticas afirmativas têm ganhado espaço nas discussões sociais nos mais diversos âmbitos. A agenda nacional tem contemplado amplamente a resignificação das manifestações da cultura de matriz africana, mas as microações, aquela mudança de postura que se espera das pessoas frente a multiculturalização do país ainda está longe de ser a que esperamos para tornar o Brasil racialmente mais democrático.

A Semana da Consciência Negra não é o dia do negro. A cultura indígena, massacrada pelo processo de colonização brutal pelo qual passamos, hoje só encontra espaço no folclórico, mítico, fantasioso. O próprio Índio se tornou um personagem que mora no imaginário das crianças que todos os anos comemoram o dia do índio na escola fazendo cocás, colares de semente, arco-e-flecha e pintando a pelo com guache, enquanto o Brasil ainda conta com cerca de 358.000 índios, reais, pessoas que estão em algum lugar nos rincões do país, inseridos na sociedade ou ainda em suas tribos. Os índios nao desapareceram, apesar de ja tratarmos o caso assim!

Tratar a cultura negra como algo distante, folclórico, fantasioso, mítico, é o primeiro passo para que essa cultura se acomode nesse lugar. So nao acredito que o Negro se tornará um personagem de histórias, como os índios, porque afinal, quem não é Negro no Brasil?

O papel da Semana da Consciência Negra é fazer com que a sociedade tenha "consciência" de que todos somos herdeiros da cultura de matriz africana. Isso é fato e independe de nossa aceitação. Ao planejar algum festejo para essa importantíssima semana, pense que ela não é simplesmente uma data colocada ao acaso no calendário, mas primordialmente uma forma de tomar posse de uma identidade que nao pode mais ser negada. Nossa ancestralidade é de cultura africana e temos de ter "consciência" e orgulho disso.

Um comentário:

  1. A cor da pele não significa absolutamente nada para se avaliar a real capacidade das pessoas.
    Neste Dia da Consciência Negra é esse apelo que fica. Igualdade total de oportunidades e possibilidades de desenvolvimento.

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